quarta-feira, 17 de abril de 2013

Maratona de Boston 2013


Uma experiência de viagem linda, e ao mesmo tempo inacreditável...

Desde que chegamos à Boston, mesmo 15 dias antes do evento, o espirito e marketing da Maratona 2013 estavam por toda parte.  Nos dias anteriores então a cidade começou a fervilhar, todo  mundo vestindo as camisetas e agasalhos, uma festa para os olhos.


No dia da prova, até eu que não sou muito ligada em esportes, mas na companhia de uma esportista de primeira, estava entusiasmada para  o evento. Dava para ver a reta final da nossa janela, mas lógico que fomos para lá sentir o clima e a vibração de pertinho.


Quando estávamos chegando passaram os primeiros cadeirantes. Depois passaram muitos outros, e uma onda de aplausos e incentivos ia surgindo a cada novo atleta que aparecia na esquina anterior.
 
O policiamento estava intenso, um vigilante a cada 2 ou 3 metros. Muitas famílias, crianças, idosos, gente com cartazes incentivando algum parente participando. Uma festa linda!


Ficamos ali na grade, uns 300 metros antes da linha de chegada, por umas 2 horas.
 

Vimos a primeira atleta feminina disparada da frente chegando, ...


... e antes dela a segurança aumentada com mais policiais de bicicleta ...

... os primeiros masculinos, ...

... veteranos de guerra cadeirantes muito aplaudidos, ...

... a grande massa de atletas, ...

... um pai com seu filho cadeirante, ...


...  e um atleta cego.
 

A segurança adicional de bicicleta foi embora.


Eu estava me divertindo pacas e ainda ficaria muito tempo por ali. Minha filha estava com fome e frio e questionou se eu ia ficar esperando 27 000 atletas passarem. Almoçamos no Jaffa Café, um restaurante que passávamos diariamente a caminho do metrô, tinha um adesivo do Trip Advisor na porta e o mais importante: ainda não estava cheio.  Achei bem fraquinho...











Como estava um dia ensolarado e divertido, resolvemos depois do almoço caminhar até a linha de chegada.


Ainda tinha muita gente por lá, famílias com crianças saudando e abraçando os atletas chegando.


Meu anjinho da guarda aguçou ainda mais meu espírito curioso e falei para a Nani que queria ir mais pra frente ver o que acontecia depois da chegada. Fomos caminhando e fotografando

Foi surreal...  Ouvimos uma primeira explosão.  Comentei: "Que susto! quem foi o estrupício que fez isso?". Ai a Nani respondeu: "Mãe, estamos nos Estados Unidos, não tem essa de brincadeira, isso é sério!". Olhamos e vimos uma nuvem de fumaça. Ai,  ouvimos o segundo estrondo. Nessa hora a Nani pensou: QUANDO e ONDE vai ser a terceira... Graças a Deus não houve uma terceira. Não fotografamos, mas a imagem da fumaça subindo vai ficar para sempre nas nossas mentes. Todo mundo em volta começou a andar, pois estavamos há uns 100 m do local da explosão e não sabíamos o que era.

Fomos para o Boston Common, um parque lá perto. As pessoas caminhando para um lado e os bombeiros e policiais com sirenes a toda para o outro lado. Passou uma ambulância e Nani comentou: "Que pena, teve feridos."  Sentamos num banco e ficamos lá tentando adivinhar o que estava acontecendo. Começamos a ver as famílias se reencontrando, todo mundo chorando e nos telefones dando notícias.  Até um músico que estava tocando por lá começou a tocar a  Tristesse de Chopin.

Foi ai que pensamos em entrar num Starbucks e usar a internet para ter certeza do que estava acontecendo e dar notícias.  Muita gente foi chegando também, inclusive corredores.  Algum tempo depois nos avisaram que por motivo de segurança iam fechar a loja. 
Voltamos caminhando em direção a  nossa Guest House. Tinham isolado o canteiro central da Commonwealth e montado barracas de campanha, tudo muito rápido!
 

Chegamos no quarteirão da nossa rua e estava bloqueado, pois era dentro do considerado "crime scene". O policial mandou entrarmos e não sair mais.  A vista da janela agora era outra...
 

Ficamos a noite toda trancadas, sem internet, comendo  as sobras que tinhamos na geladeira e vendo na CNN toda a tragédia que aconteceu.  Ainda não caiu muito a ficha de tudo... Parece um filme...

Não escrevo muito no meu blog. Nunca havia postado durante uma viagem, mas eu tinha que mostrar aqui, enquanto as lembranças e os sentimentos estão fresquinhos na cabeça, a festa linda que vimos, e que algum indivíduo ou alguma organização idiota substituiu por uma tragédia.

Foi a maneira que eu e a Nani encontramos de agradecer  as muitas mensagens carinhosas de amigos queridos preocupados com a gente.