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domingo, 15 de julho de 2018

Following the Moskva down to Gorky Park

Rio Moscou, Parque Gorky e o Museu da Cosmonáutica


Ainda no nosso primeiro dia Moscou, fui arrastada  pela minha filha para “seguir o Moskva em direção ao Gorky Park. A música Wind of Change, da banda Scorpions, tinha um significado muito especial para ela, que precisava fazer igual. Lembra que essa era “Uma Viagem Musical em Busca do Sol da Meia Noite”, né? Foi nosso primeiro momento musical e, usando um trecho desta música, só tenho a agradecer por ela “ter me levado a este momento mágico numa gloriosa manhã”.


A Gabi sacou seu i-pod (esta viagem foi em 2011), colocou a playlist do Scorpions, me deu um dos fones de ouvido e agora podemos dizer que “we  followed the Moskva down to Gorky Park, listening to the Wind of Change”.


O passeio foi uma agradabilíssima surpresa. Pudemos ver e fotografar com calma, alguns dos locais que estivemos pela manhã: o Kremlin de um outro ângulo e sem a multidão da Praça Vermelha...


... a Catedral do Cristo Redentor, de dimensões fora do comum e suas imponentes cúpulas douradas. A original, construída para comemorar a vitória da Rússia sobre Napoleão, foi demolida na época de Stalin e durante 50 anos este foi o lugar da maior piscina do mundo. Foi reconstruída em apenas 2 anos para o 850 aniversário de Moscou em 1997.


Uma das visões curiosas do passeio pelo rio Moska é uma estátua que, segundo o guia que nos acompanhou pela manhã, é conhecida (de brincadeira) como a estátua de “Cristóvão, o Grande Pedro Colombo”. Explicando: No quinto centenário da descoberta da América por Cristóvão Colombo, o prefeito de Moscou encomendou uma estátua de Cristovão Colombo para presentear à américa. Ficou tão feia que os americanos não quiseram a estátua. Aí o prefeito mandou trocar só a cabeça, substituindo a imagem de Cristovão Colombo pela de Pedro o Grande. O resultado ficou pior ainda, uma mistura louca das duas figuras históricas. Daí o “Cristovão, o Grande Pedro Colombo”. Ah, estas estórias de guia... Mas aqui entre nós, esta estátua, uma das maiores do munto é bem estranha e nada harmoniosa.


Usamos o barco da Capital Shipping Company para este passeio. Na época, tanto a página na internet quanto o quiosque de vendas eram só em russo. Pedimos uma ajudinha ao guia da Tchayca, que nos deixou no cais, para comprar os bilhetes. Hoje a página está em inglês e é possível comprar os bilhetes pela internet. Efeito Copa do Mundo 2018?
Só fizemos o trecho entre o Ustinsky Most (perto da Praça Vermelha) e o Gorky Park, porem o roteiro completo é bem maior.


O Gorky Park, inaugurado em 1928, foi revitalizado exatamente em 2011, quando estivemos lá. Não era um ponto turístico muito visitado e guia não entendeu direito porque queríamos ir lá (lembra da música Wind of Change? Eis a resposta...).  Após a revitalização, tornou-se o primeiro parque russo que compete com os demais parques famosos do mundo. Tem muita gente agora colocando este parque no seu roteiro.


É uma mistura de parque de diversões com área verde urbana,...


 ... com jardins muito bonitos e bem cuidados.


No parque Gorky nós almoçamos. Demos uma baita sorte. Não havíamos nos acertado ainda com a comida russa. Ao descer do barco sentimos um cheiro muito bom de comida, que parecia estar deliciosa (ou era a fome...). Achamos a fonte do cheiro, uma espécie de churrasco e, por sorte, o churrasqueiro falava um pouco de inglês.


Comemos o “Churrasco russo” de carneiro com batatas no espeto e pães.


Na verdade, só eu comi meus pães, pois a Gabi usou os dela para alimentar os patinhos do lago. Sim o Churrasco era numa espécie de quiosque bem ao do lago, com patinhos, flores coloridas, crianças e um cenário lindo. Os patinhos vinham comer os pães da margem, mas eles eram meio bobões e uns pardais mais espertinhos roubavam tudo. Era uma festa para as crianças (e prá nós também).


Foi um passeio muito agradável e gostoso de fazer.


Andar de metrô em Moscou pela primeira vez sozinhas, na volta para o hotel, foi uma aventura a parte. Primeiro tivemos que encontrar a estação e, para isso, tivemos que perguntar direções (sim, em russo). Na teoria, ou seja, pelo mapa, parecia fácil: era só pegar a avenida em frente ao portal que saímos do parque, atravessar o Rio Moscou por uma bela ponte, andar um quarteirão, e deveria ter uma entrada do metrô de cada lado da avenida. 


É, deveria... Mas estava tudo em reforma e não tinha nenhuma entrada. Com a mímica afiada e o mapa em cirílico na mão perguntei para uma vendedora de castanhas. Ela falando em russo, muito amável, pegou um raminho de temperos e apontou para o outro lado da rua. 


Estávamos do outro lado da avenida, acho que com cara de baratas tontas, quando por sorte apareceu um rapaz que falava inglês, estava indo na direção da estação e nos acompanhou. Queríamos comprar os bilhetes, mas ele tinha um desses passes com várias passagens e deixou a gente usar. Muito simpático da parte dele. Foi com a gente conversando em inglês até a estação que deveríamos trocar de trem e, até nos acompanhou até a plataforma que deveríamos a fazer baldeação.


Aliás, um adendo sobre a simpatia russa: Também é um excelente exemplo de “Na Russia tudo é ao contrario”. Funcionários do metrô, do hotel, de agencias de turismo, garçons e outras  pessoas cujo trabalho exige (teoricamente) um certo grau de simpatia com os turistas, fazem tudo sem exibir um único sorriso, não vão além do que é estritamente necessário para cumprirem sua função (ás vezes até mesmo de má vontade e mal humor). Já as pessoas aleatórias que encontramos na rua, que não tem nenhum motivo para nos ajudar, vão muito além da simpatia esperada, como a senhorinha que com mímica nos indicou a direção correta, esse rapaz que nos levou até a estação e nos deixou usar o passe ou um outro que, quando viu que estávamos discutindo em uma língua estrangeira sobre como fazer a baldeação, se aproximou (sem que nem mesmo pedíssemos) e se ofereceu (falando inglês) para nos indicar a direção certa.

Museu da Cosmonáutica

Antes de finalmente voltarmos ao hotel e encerrarmos o primeiro dia, a Gabi me arrastou para outro passeio do seu interesse: o Museu da Exploração Espacial. Sabíamos que existem dois grandes museus com esse tema no mundo, o da NASA em Houston (que ela visitou em 2009) e esse de Moscou. Achamos que seria legal comparar os dois lados, ver as duas versões da história da Corrida Espacial. Mas foi um tanto frustrante por que todas as placas, folhetos e explicações estavam apenas em russo, sem nenhuma tradução em inglês. A única coisa que vimos por lá em inglês:


Poxa vida! O isolacionismo russo já acabou faz vinte e tantos anos, museus são lugares turísticos por definição, era do ladinho do hotel que ficamos, o Hotel Cosmos, um hotel grande que recebe muitos turistas estrangeiros a lazer ou a negócio. Mancada muito feia! Ufa, passou a raiva! Ficamos felizes quando lemos relatos de pessoas que foram para a Copa do Mundo de 2018, dizendo que agora existe um áudio-guia em inglês.

Mas apesar da frustração foi legal mesmo assim. Logo na saída da estação de metrô demos de cara com o gigantesco Monumento aos Conquistadores do Espaço. É uma escultura de 100 metros de uma nave espacial que se projeta em direção ao céu.


Na sua base tem toda a história da corrida espacial (em russo...)


No caminho para a entrada do museu, um corredor com estátuas dos cosmonautas russos. Consegui identificar dois, graças as minhas recordações de infância, quase adolescência (é, eu sou dessa época): o Yuri Gagarin, o primeiro homem a viajar pelo espaço em 1961...


...  e a Valentina Tereshkova, a primeira cosmonauta e a primeira mulher a ter ido ao espaço em 1963


No museu fomos recebidos por Yuri Gagarin,...


Vimos a cachorrinha Belka, um dos cães enviados ao espaço e que voltou viva, ao lado da aeronave. Sua predecessora, a Laika morreu no espaço,...


 ... entramos na réplica de um dos módulos russos da estação espacial internacional,...


...e o Marcos Pontes, primeiro astronauta brasileiro a ir ao espaço.


Só ficamos chateadas por que tinham muitas coisas que não sabíamos o que eram e saímos de lá sem aprender coisas novas. Só entendemos o que já conhecíamos antes de chegar lá. O restante ficou por conta da internet...

O museu fica ao lado da estação VDNKh do metrô e cobra uma taxa extra para se poder tirar fotos (na época a gente era identificada com uma pulseirinha cor de rosa).

Jantamos em um dos restaurantes do hotel mesmo, o Picolo Diabolo. Eu experimentei a sopa russa Borscht (bem mais ou menos).


No fim da refeição, mais uma surpresa: a conta veio toda no alfabeto cirílico. Impossível de conferir. Tivemos que ver pelos números e pela ordem de grandeza dos preços dos pratos mesmo, mas conferir de verdade não deu. Aliás, mentimos quando dissemos que a conta veio toda em russo, no alfabeto cirílico. Uma única frase estava em inglês, no alfabeto latino: “Service not included”. Espertinhos esses russos, não?


Este post foi quase totalmente baseado nas notas de viagem da minha filha Gabi, com algumas interferências das minhas lembranças. É incrível como quando começamos a escolher as fotos e escrever, todos os detalhes da viagem ficam vivinhos na nossa mente. Uma delícia! Vou escrever mais sobre viagens antigas...
Ah, todos os lugares citados e seus links foram verificados e ainda existem. Felizmente agora, todos eles têm versões em inglês...


Veja também os posts anteriores desta viagem:




E no próximo vai ter Kremlin, Café Pushkin e Balé Bolshoi.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

E fomos apresentadas a Moscou:

Praça Vermelha, Convento Novodeviski, Colina dos Pardais e Parque da Vitória


Nossa primeira manhã em Moscou começou com um laudo e tumultuado café da manhã no hotel (já disse no post anterior que ninguém respeita fila por aqui), um baile para tirar dinheiro com o cartão VTM em um ATM em russo (até encontrar a palavra mágica: English). Encontramos então o guia Igor (que falava português) na recepção do hotel para o city tour incluso no pacote da Tchayka.  Apesar de não ter comprado tour privado, fomos somente eu e a Gabi acompanhadas pelo guia e o motorista. Isto se repetiu em todos os outros passeios que fizemos. Veja o mapa do que nos foi apresentado:



Visualizar Russia-Moscou I em um mapa maior


A primeira parada não poderia ser outra senão a Praça Vermelha. Acho que ao ver as cúpulas da Catedral de São Basílio  foi quando caiu a ficha pela primeira vez: “putz, estamos na Rússia!” Foi muito legal, e bem emocionante, afinal a Rússia era um sonho antigo meu e da Gabi. Havíamos prometido vir juntas aqui em 1996. Quinze anos depois, cá estamos nós.
 

A Praça vermelha é o coração de Moscou. No eslavo Krasnaia, além de “vermelha” significava também “formosa”. Toda a história russa passa por esta praça, desde os czares, passando por Napoleão que ali passou em revista as suas tropas, correu o sangue dos operários em 1917, a parada da vitória em 1945, as paradas militares da época soviética até as atuais comemorações do Dia da Vitoria. E nós ali, no meio de toda esta história, não sabendo para que lado olhar e fotografar. Na nossa mente surgiram os sons dos acordes, sinos e canhões do final da Abertura 1812 de Tchaikovisky.
 
 
De um lado os muros e torres do Kremlin, que visitaríamos no dia seguinte...


... do outro lado o GUM a Loja de Departamento do Estado da época soviética, transformada hoje em um Shopping de luxo ...


... as nossas costas a Catedral de São Basílio, construída na época de Ivã (o terrível), um símbolo da Rússia que vemos em todos os postais, mas que nos surpreende quando estamos frente a ela...


... a nossa frente o  Museu de História do Estado, um prédio do século XIX, ...


... a Porta da Ressurreição, de 1680 ...


 ... e a Capela da Virgem de Kazan de 1637, estas duas últimas demolidas na época de Stalin para a passagem de tanques de guerra e reconstruídas posteriormente.  


Ao lado das muralhas do Kremlin, o imponente Mausoléu de Lenin ...


... e os túmulos de  Stalin e de todos os outros “comunistas famosos".


Quando estávamos indo embora, notamos uma pequena parada militar na frente do túmulo de Lenin. Foi interessante ver uns senhores idosos de uniforme com tantas medalhas, mas tantas, que quase cobriam o peito inteiro.


Não visitamos internamente nenhum desses lugares. Segundo o guia poderia ser feito à tarde no nosso tempo livre, mas tínhamos outros planos...

No caminho para o Convento Novodévitchi  passamos pela praça Loubianka, onde fica o prédio da antiga KGB, sede da polícia secreta da antiga URSS (lembra os filmes do James Bond?) ...


... e vimos também a Igreja do Cristo Salvador. Ela foi inaugurada em 1889, com capacidade para 10 mil pessoas. Foi dinamitada em 1931 e em seu lugar apareceu uma piscina. Foi reconstruída no mesmo local na década de 1990. “Ah... estes comunistas”...


Descemos no lago do Convento Novodévitchi. Ai ficaram reclusas a meia irmã, Sophia, e a primeira esposa, Yevdokia, de Pedro, o grande. Ao lado do convento fica o cemitério do mesmo nome, onde estão sepultados pessoas importantes da cultura e política Russa. Na época soviética, eram sepultados ai pessoas eminentes, mas que as autoridades julgavam que não eram elegíveis para as paredes do Kremlin (como Nikita Khrushchev, que dirigia a URSS na época da guerra fria). Também não entramos no convento nem no cemitério.


O guia Igor nos contou que o lago é conhecido como "o lago dos cisnes" porque teria sido lá que Tchaikovsky teve a inspiração para o seu famoso balé, quando viu dois cisnes, um branco e um negro. Será? Nós vimos apenas meia dúzia de patinhos. Alguns artistas também se inspiram com a bela paisagem e até compramos uma gravura por lá.


Seguimos então para a Colina dos Pardais, onde fica a Universidade Estadual de Moscou ...


... e de onde se tem uma bela vista da cidade, da Reserva Natural Vorobyovy Gory e do Estádio Olímpico Luzhniki, anteriormente chamado Estádio Central Lenin, o maior da Rússia.


Foi novidade ver um casal de noivos tirando fotos nos locais turísticos, com um carro todo enfeitado (e olha que este foi um dos mais simples que vimos). Notamos depois que é uma prática comum aqui na Rússia. Acho que todo mundo aproveita os meses de verão para casar, para as fotos não ficarem em branco e preto.
 











Nossa última etapa do city tour foi o Park Pobedy (Parque da Vitória), construindo para comemorar os 50 anos da vitória na Grande Guerra Patriótica (que é como eles chamam a II Guerra Mundial). Quando o guia começou a explicar ele disse: “Este monumento começou a ser idealizado em 1943...” e a Gabi logo interrompeu com “Mas a guerra na Europa não acabou em 1944?” e ele, sem titubear, respondeu “É que os russos já estavam tão certos da vitória em 43 que começaram a planejar”. Bastante confiantes estes russos, não?

Faz parte do complexo um museu sobre os acontecimentos de 1941-1945, ...


... a onipresente chama eterna em homenagem ao soldado desconhecido, ...


... a Praça dos Vencedores, com a figura alegórica da Deusa da Vitória,...


... um obelisco de 142 m, cada 10 cm  representando 1 dia da guerra,...


... além de uma igreja ortodoxa, uma mesquita e uma sinagoga, homenagem aos povos que auxiliaram a Rússia na guerra.

Ah, e mais um casal de noivos fazendo suas homenagens...











City tour é assim mesmo, vemos um monte de coisas que com certeza não veríamos por conta própria no mesmo espaço de tempo, mas um pouco frustrante por não termos nenhuma autonomia. Terminamos no cais Ult’inky Most , com uma aula de como voltar para o hotel de metrô (ah estes guias...).


Ai sim, como eu gosto, por nossa conta e risco fizemos como na música Winds of Change, do Scorpions:  “Following the Moskva down to Gorky Park”.  Mas isto ficará para um próximo post...


Veja também os posts anteriores desta viagem: