domingo, 31 de julho de 2011

PRIMEIRO ANIVERSÁRIO DO BLOG - As viagens da minha infância

VIAGENS e FOTOS – Duas paixões desde minhas recordações mais antigas

O Viagem com a Flora está fazendo 1 ano este mês (ainda é Julho, não?). Exatamente no dia 07 de Julho, quando estava em mais uma viagem maravilhosa, com minha filha Gabi, pela região dos lagos da Finlândia em busca do sol da meia noite.








Devo confessar que não fui muito dedicada a ele neste seu primeiro ano: somente 4 posts, o último há mais de 6 meses. Mesmo assim, tive a honra de receber mais de 2500 visitas. Prometo ser mais assídua neste segundo ano. Tenho tanta lembrança boa nas minhas caixas de fotos, nos meus caderninhos de viagem e principalmente na minha mente para compartilhar com quem gosta de viajar.
Remexendo meus guardados encontrei um destes cadernos, com um relato escrito também num Julho, mas de 2000, que transcrevo a seguir. Seria ele o precursor deste blog?

 Estava eu ontem (29/07/00) sem sono no avião (o que é uma raridade), pensando com qual viagem eu começaria este caderno que me chamou a atenção na última viagem que fiz a Nova Iorque. Resolvi então fazer um apanhado de todas elas, esta paixão que tenho por ver coisas novas. Por que gosto tanto de viajar? Como diz a autora do último pensamento desde caderno, para nos conhecermos a nós mesmos. Segue o original:

"Now at last I know with absolute certainty that we travel to find ourselves. By placing ourselves in all possible circumstances which, like projectors, will illuminate our different facets, we come to grasp all of a sudden, which of our facets is fully, uniquely, ourselves”- Ella Maillart (1903)-Travel writer and explorer

As minhas primeiras lembranças de viagem quase se confundem com as da minha vida: o velho Emilio (como carinhosamente gosto de chamar o meu pai) baixava em São Carlos com seu “fordão preto” para me levar para Borborema. Ficaram para sempre na minha memória a paisagem do Chibarro (entre São Carlos e Araraquara) e o barro escorregadio das estradas de terra, sempre contornado com maestria pelas mãos firmes e experientes de quem deixou muita saudade. Uma vez ficamos horas esperando ele secar uma bomba de gasolina num fogão a lenha de uma casa de sítio a beira da estrada. As parada nos postos de gasolina Quitandinha e do Pau Seco sempre rendiam Diamantes Negros e Sonhos de Valsa.

Foto de 2007-Uma das poucas estradas da minha infância que não foi asfaltada

As vezes  fazia o trajeto de trem, com uma das minhas tias. A locomotiva era puxada a carvão, e eu me divertia com as faíscas luminosas, que depois se transformavam em pó preto que sujava toda a roupa.
(Foto de Denis Castro do Paparazziferroviario)

Mais tarde vieram as jardineiras (precursoras dos ônibus da Empresa Cruz de Araraquara) com seu cobrador de cabelo de fogo, que depois foi promovido à motorista. (Foto gentilmente surrupiada da ACIA)

A primeira vez que viajei fora do eixo São Carlos-Borborema foi para a praia, em Santos. Algumas vezes, quando desço a serra pela via Anchieta, ainda me lembro da excitação desta viagem. Mas, tive minha primeira crise de bronquite e fui parar no hospital. O velho Emilio foi chamado às pressas, e lembranças boas foram as conchinhas cor de rosa e entrar no mar no seu colo. Nem molhei os pés. Devia ter uns 6 anos.
(Foto gentilmente surrupiada da Wikipedia)



Com a bronquite vieram as viagens nos trens da Paulista para ir a São Paulo no Dr Tizze. O sanduíche de presunto e queijo do trem era uma novidade para mim. Era tão bom andar no centro de São Paulo no colo do velho Emilio. Aquele canudinho recheado de chantily que comiamos numa confeitaria do centro da cidade era o ponto alto do dia. Uma vez voltamos no carro Pulmann, a cadeira alta de couro, que rodava.










Estação de trens de São Carlos (Wikipedia) e carro pullman (Estadão de 7 de Outubro de 2010)

E a aventura que foi minha primeira viagem ao Paraná, para visitar a tia Josefina. A euforia de acordar as 3 da manhã, as atoladas no barro vermelho que grudava uns 10 cm na sola do sapato e a surpresa de ver que em Astorga todas as casas eram de madeira. 

Minhas viagens de férias na infância sempre foram ir para Borborema, passar uma temporada com meu pai. Era o dia todo brincando naquela terra vermelha com o bando de primos. Quando vinham os do Paraná, então virava uma festa.











(Fotos cedidas por José Antonio Viu)

Tinha também as idas ao sítio no domingo a tarde, a família toda na carroceria do caminhão do vô José, o vento gostoso batendo forte no rosto.

O gosto pelas viagens, aventura e música tem DNA. Meus avós paternos se conheceram no navio, vindo da Espanha em busca de uma nova vida aqui (a vó Florentina, segundo as histórias, pois não cheguei a conhecer, dançava e tocava castanhola). Brinquei  muito com elas quando era criança.

Minha avó materna Antonieta também atravessou o oceano vindo da Itália.


Minha mãe Amélia, professora primária formada na década de  40, se aventurava pelas fazendas do interior do estado para acumular “pontos” para conseguir uma “cadeira de professora”.


Numa dessas fazendas, no bairro do Tanquinho em Borborema, conheceu um jovem comerciante que tocava sanfona nos “bailes lá da roça”. Pena que ela se foi tão cedo, quando eu tinha apenas 2 anos. Só a conheci através das fotos (será que é por isso que eu gosto tanto de fotografia?)
Meu pai, viajante cuja viagem era a própria estrada, eu tive o privilégio de conviver por 41 anos e viajar minha infância toda ao seu lado. Não eram viagens turísticas não, era apenas a estrada, mas como era gostoso... Curto uma estrada até hoje.










Não realizou o sonho de ir à Espanha, mas eu e a Gabi o fizemos por ele. E te prepara ai em cima, meu velho, que a próxima será para a Catalunha e  Zaragoza, terras de seus pais.



Viagem turística mesmo, eu só fiz quando tinha 18 anos, com a tia Dinha ( outra figura da minha vida  apaixonada por viagens). Mas isto é um outro

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Desta vez vamos - O nascimento do Viaje com a Flora

Segundo aniversário do Blog - Capítulo II - As viagens da minha vida ou a minha vida através das viagens
   

11 comentários:

  1. Parabéns pelo primeiro ano de blog! Agora acho que você embala, sim.
    Muito lindo o texto, e as fotos. Principalmente, e sem querer puxar a sardinha pro meu lado, da estação de São Carlos...

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  2. Florita me emocionei ao ler... faz tão bem relembrar momentos preciosos de nossas vidas, né??? o velho emílio deixou muitas saudades... e sua marca em cada um de nós...
    adorei o blog, vc escreve muito bem... bjs
    ana silvia viu

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  3. Floooorraa... que delícia de texto.
    E como bem disse a Marcie, ver São Carlos na sua história deixa tudo ainda mais real pra mim :)
    Minha vó e depois minha mãe foram as que mais me influenciaram nesse mundo de viagens.
    Parabens pelo primeiro ano de blog e que venham muuuuitos outros com vários posts, é claro!
    bjsk

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  4. Puxa,muito bacana o teu blog, parabéns,sempre que Precisar pode contar conosco...um abraço..

    Denis Castro..

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  5. Olá Florita! Me emocionei ao navegar pelo seu blog! São recordações maravilhosas, o papai, o tio Ricardo a tia Helena (tão novinha), a figueira da chácara do tio Ricardo. Esta árvore foi meu reino encantado por muitos anos!
    Beijos

    Marcão

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  6. Flora, parabéns! Pelo aniversário do blog, pelo post, por toda essa simpatia e alegria que você transmite. Vou aguardar mais posts de suas viagens maravilhosas. Beijos.

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  7. Marcie, Mirella,

    Muito obrigada pela visita. Precisamos fazer um ConVnVenção lá em São Carlos. Bjs

    Queridos Ana e Marcão,
    Voces não existiam ainda, mas podem imaginar como esta foi uma época gostosa da minha vida. Só tenho boas recordações do papai.

    Denis,
    Obrigada pela visita e pela foto.

    Virginia,
    Voce sempre por aqui. Muito obrigada. E os preparativos para a sua viagem musical? Já tá chegando não? Bjs

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  8. Cheguei tarde pra festa, mas não pra celebração...
    Belas recordações viajeiras!

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  9. Carmem,
    Obrigada. Tim, Tim...

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  10. Convenção em São Carlos? Conte conosco.
    Afinal de contas, estudei lá!
    Muito bom o texto. Você precisa escrever mais.
    Abs.
    Em tempo, Feliz Aniversário!

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  11. Olá Edu,
    Muito obrigada pela visita. Se a gente conseguir juntar a Marcie e a Mirella na mesma época em São Carlos, vamos lá sim.
    Abs

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